sábado, 24 de maio de 2014

Opinião: Macaé/Búzios

por Camila Raupp

Analisar faz parte de tomar uma decisão. Toda decisão tomada sem uma profunda análise é seguir um vento que sopra. Em especial na política, a análise dos contextos faz toda a diferença na hora de entender e apoiar a atitude de um representante.

Não se falou de outra coisa a semana inteira. André x Muniz quem é o prefeito de Búzios? Em sucessivas trocas e desalinhamento político os dois foram os personagens da semana.Não sei se de forma positiva ou construtiva para o município mas foram. O que chama atenção é que na quarta feira o vice-prefeito de Macaé, Danilo Funke do PT, esteve no Programa Estação Notícias dando em primeira mão à Iva
Maria o seu licenciamento, com autorização da câmara municipal do cargo de vice-prefeito. O motivo, segundo ele, foi o desalinhamento político e ideológico em que se encontrava com o prefeito Aluízio, do PV. Me chamou a atenção a similaridade do contexto com Búzios. Muniz PT, André PSC.

Para entender, há duas semanas o PSC e o PV fecharam apoio à candidatura de Luiz Fernando Pezão do PMDB para o governo do Rio. Já o PT, de Muniz e Funke vem com candidatura própria ao governo na figura de Lindbergh Farias. Funke foi muito claro e direto quando ao responder as perguntas, declarou ser insustentável permanecer como vice prefeito quando as ideologias estão dissonantes. Segundo Funke, apoiar a conjuntura do governo Aluizio o tiraria de sua trajetória ideológica de luta e trairia seus princípios e o motivo que o levou a se unir então candidato nas eleições de 2012, quando foram vitoriosos. A questão governo do estado e seus candidatos, não cabe aqui no momento. Pelo menos por enquanto. Mas são essas conjunturas e alianças que definem nossa política local também.

Sendo assim, para Funke, o pedido de licenciamento da vice prefeitura foi o único caminho a seguir. Se os motivos apresentados por ele foram reais, somente o tempo vai nos dizer. O que não posso deixar de citar e que ficou ressonando dentro de mim foi: Por que Muniz não agiu da mesma forma? Por que permanecer como vice prefeito se expondo à liminares, sem poder de decisão, sem voz, sem gabinete? Por que não formalizar sua oposição ao governo e agir de forma organizada e militante contra as questões que acha dissonantes? Não me espanta, no entanto, como espantou à alguns, a pouca adesão popular no caso de Muniz, quando no caso do Funke toda sua militância o apoia e respeita e abraçou sua decisão. Talvez Muniz precise trabalhar melhor sua militância.

Ou talvez em Búzios ninguém saiba de fato o que é militância. Parece mesmo que somos todos passionais e emotivos demais. Endeusamos os líderes, quando muitas vezes são eles apenas peças em um tabuleiro de xadrez, tão manipulados quanto nós. A crise da representatividade é clara e evidente por essas bandas de cá. Quando alguém milita e diz ser do partido tal, da ideologia tal é repelido, visto como inimigo. Dizer, não acredito em partidos, eles nos manipulam, é ingênuo e virou até uma modinha. Se os que querem mesmo ver as coisas mudarem se unissem de forma ordenada, teríamos muitos ganhos. Os ditos poderosos, donos de partidos se veriam em maus lençóis. Muito maus lençóis. A democracia é uma conquista que precisa ser estudada e entendida. Funciona bem, quando usada por quem sabe usar.

Em Búzios, muito ainda nos falta, ainda somos infantis demais na política. Ainda somos A ou B, e quando A está no poder B faz oposição e torce contra e vice-versa. Como se algum grupo tivesse  algum poder extra sensorial. Eu acredito e sou fã de mudanças, elas trazem mais bem do que mal. Quero acreditar, preciso acreditar que o caminho é pra frente, pra adiante, pro futuro.


Danilo Funke - PT

Carlos Muniz - PT